segunda-feira, 27 de junho de 2011

TAP: de braços abertos

A trapalhada das “viagens em classe económica” é, afinal, pior do que uma simples berbintice, como eu — inicial e descuidadamente — a julguei. Tornou-se mesmo no primeiro caso do que, temo bem, se vai tornar numa sequência de declarações e contradições que, tendo em conta profusão delas com que Passos Coelho brindou os media ao longo da pré-campanha, muito promete. A este ritmo, fica altamente improvável que Passos consiga usar os habituais 100 dias de boa imprensa.

Para começar, membros do Governo não pagam viagens em voos da TAP. É uma prática normal, instituída e histórica.
As contabilidades separadas justificam conta claras, claro, mas sendo a TAP uma empresa detida a 100% pelo Estado o índice de ridículo da “medida” trepa por aí acima, acompanhando a curva dos juros da dívida pública.
Ou seja, e explicado em Português Simples: para transmitir à populaça distraída o sinal do seu “empenho” e “determinação” em “cortar a direito”, o nóvel Primeiro Ministro declarou que ia mudar menos dinheiro do bolso esquerdo para o bolso direito numa operação que afinal já estava dispensada pelos contabilistas.
Notável.

Paulo Querido

CARTA EM FRANCÊS (TÉCNICO) DE JOSÉ SÓCRATES A SEGOLÉNE ROYALE (PS FRANCÊS)

Carte a Segoléne Royale
 
Cher madame
Je vus ecri en françois técnique pour demander de me trouver une place pour aprendre filosofie à Paris. J`ai decidé de vous contacter pour obtenir um petit avantage comme on fais en bons socialistes, meme si vous etes royale et moi republican (ah ah ah).
Je vais etre um grande tromphe pour votre academie, car je m`apele Socrates et je serais une grande inspiration pour professeurs et eleves même si je suis en plein moyen age et je n`ai toujours pas bu la cicute (ah ah ah).

Vous pourrez peut-etre demander au recteur de me arranger un curriculum moins chargé. Je ne necessite pas de aprendre Filosofie Antigue, a cause de mon nom. Je ne necessite aussi de aprendre Filosofie du Conheciment, car je connais tout le monde. Je ne necessite non plus de aprendre Cience politique, car jai eté premier ministre du Portugal et jai toute la cience politique quil faut. Et je ne necessite aussi de savoir Etique car personne connait mieux la Etique que ce que la fuit tous les jours. Et comme la Logique est une batate (ah ah ah), je ne necessite de l`etudier aussi. Donc je crois pouvoir faire la licenciature en un an, ce que sera bien plus que le temps de me faire ingenieur.

Comme vous aurez des elections en bréve je pourrais aussi vous aider, car je sai tout de machines et propagande, et vous non. Je le ferais bien plus entusiastement si vous me trouvez un apartement au XVI que je ne sais pas ce que c`est exactement, mais Maria me dit que ça irai bien avec moi.

Je vous abrace cordialement

José

Publicado por José Mendonça da Cruz no CORTA-FITAS

segunda-feira, 20 de junho de 2011

E agora “pedrinho”... onde vai meter a lata dos enchidos nobre...


Tal como se esperava, e eu aqui e noutros locais tinha profetizado; Fernando Nobre foi derrotado na sua absurda ambição de se fazer eleger como segunda figura da Republica, já que os portugueses lhe negaram em tempo, e por larga maioria, a possibilidade de ser primeira figura.

O deputado, dito independente, da bancada do PSD, Fernando Nobre, falhou hoje, a poucos minutos, a eleição para Presidente da Assembleia da República, por não conseguir uma maioria de 116 votos favoráveis em 230.

Conseguir 106 votos é um resultado deveras interessante, e prova uma rejeição por larga maioria parlamentar da criatura.

O PSD tem 108 deputados... como o "Nobre dos Enchidos" só obteve 106 votos, isso significa que; nem sequer no PSD ele consegue unanimidade como candidato ao cargo.

Continuo a considerar que se existisse alguma dignidade na criatura Fernando Nobre, ela deveria levar a que a sua renuncia ao cargo de Deputado já tivesse ocorrido, face a toda a vergonha nas suas afirmações e convicções sobre esta candidatura ridícula. Algum dia vai também ter que esclarecer publicamente, e sem espinhas, o funcionamento da AMI, que mais parece uma firma familiar...

O Regimento da Assembleia da República estabelece que, nesta circunstância, se procede de imediato a uma segunda votação, se a candidatura não for retirada.

Conhecendo a criatura Pedro Passos Coelho, sei que vai tentar uma segunda votação, para que o enxovalho pessoal e partidário seja ainda maior...

E agora “Pedrinho”...

Ainda nem tomou posse e já Pedro Passos esta a retirar minhocas de onde deveria retirar batatas!!!

Quando alguém nasce incompetente funcional, e tal como diz o velho ditado; nunca vira outra coisa... pode tentar esconder a sua falta de atributos, mas a realidade acaba sempre por vir a tona da agua...

O futuro de Portugal, com esta gente a comandar, promete!!!

Se com Socrates estavamos bem... então com esta equipa ainda vamos ficar muito melhor... é só dar uma meia duzia de meses, e vão ter o circo montado nas ruas...

“João Massapina”

domingo, 19 de junho de 2011

Motivos para desconfiar do PSD-R

Uma das formas usadas pelos certificadores do governo para o legitimar antes do exercício tem sido referir uma “renovação” dos nomes que ocupam os cargos.
E até certo ponto é verdade — um alívio, pois não há nada melhor do que a verdade como ingrediente de qualquer cozinhado de imagem.

Este PSD-Renovado, cujas setas passaram a apontar à direita, apresenta motivos para desconfiança. Mas começo pelo que parece positivo.
Um dos problemas históricos do PSD este século foi precisamente a renovação. O que sobrou dos “barões” dos Vinte Anos Dourados (1974-1995), em que o partido ajudou a moldar — para o bem e para o mal, mais para o mal, como agora se vê — o Portugal económico e social que temos, impediu todas as tentativas de renovação dentro da continuidade, tentadas nos anos seguintes. Santana Lopes, Marques Mendes e Luís Filipe Menezes foram eliminados como peões num jogo ainda dominado pelos cavalos, bispos e torres do antigamente.
Enquanto o PS fazia a sua renovação de tecido dirigente, o PSD assistia aos jogos florais dos seus influentes. Em 2008, o seu primeiro Momento da Verdade este século, os tecidos velhos do PSD ainda foram capazes de fazer eleger Ferreira Leite. Mas foi o seu último estertor. O destino do partido estava traçado como o de todos os organismos vivos: as células gastas cedem.
Sendo positivo o sinal de uma mudança geracional que metade do país eleitor há muito vinha pedindo ao PSD, o seu atraso teve um impacto forte na base eleitoral do partido. Traduzido no fraco resultado destas legislativas, em que o país, desconfiado, preferiu dar à direita a maioria para governar, mas com o conhecido e experiente Paulo Portas a servir de avalista e tutor.
Esse é um motivo de desconfiança. “Este” PSD é eleitoralmente mais pequeno que o anterior. E é, também, mais pequeno internamente: embora vencedora, a fação dos renovadores é amplamente minoritária dentro do partido e continuará a ser olhada com desconfiança. Esta saberá evidentemente calar-se e o seu nível de manifestação será, como é óbvio, inversamente proporcional aos erros que a direção de Passos cometer na dura governação exercida através de uma coligação politicamente errática.
Outro eventual motivo de desconfiança provém da modificação ideológica do PSD. O partido na verdade nunca conheceu grandes ideologias: da social-democracia que Sá Carneiro quis incutir no seu código genético até à costela social liberal herdada dos ativistas católicos e dos meninos-bem que Marcelo Caetano aproveitou para a sua “Primavera” (e que o combateram com a Comunição Social que controlaram, e com a qual viriam posteriormente a seduzir a pequena burguesia projetando a iconografia de uma sociedade de sonhos, abundância e propriedade), o Partido Social Democrata sempre se caracterizou por uma rarefeção ideológica suficientemente ampla para respaldar líderes que o conduzissem ao que importa: o poder.
Com Passos Coelho perde-se essa rarefação. O PSD assume — por inteiro e com gritado entusiasmo — a ideologia obediente: o liberalismo moderno, o braço político utilizado pela debtocracia para sujeitar as nações, originário dos Estados Unidos e em franca expansão pela União Europeia.
Em Português Simples: o PSD renovou-se e ideologizou-se ao mesmo tempo.
Parte do problema reside no facto da ideologia ora perfilhada ser contra uma das práticas de sempre do aparelho partidário: a interdependência do Estado. Passos, Macedo e Relvas terão de combater Dom Quixotes internos lá mais para a frente.
Outro detalhe: minguado, este partido não conseguirá tão cedo voltar a governar sozinho, com os seus e com a sua visão cosmológica. Note-se a dificuldade de Passos em arranjar ministros — e isto mesmo depois de ter encurtado o número deles. A colaboração do CDS disfarça em parte. Mas a camuflagem está nos “independentes”. O que é apresentado como uma “vantagem”, com expressões de marketing político como “abertura à sociedade” ou “sinal para os mercados”, pode — e, na minha opinião, deve — ser visto como uma debilidade.
Devo dizer que esta debilidade tem duas faces. A primeira é sistémica e afeta hoje qualquer partido de governo. Demonstrada em recusas como a de Vítor Bento, resume-se a isto: pessoas válidas, com bons cargos bem pagos e com bons desafios, na plena posse das suas faculdades, não descerão ao patamar da res publica, onde serão mal pagos, vilipendiados, desprezados, insultados, maltratados e sujeitos em contínuo à degradante exibição circense de uma sociedade hiper-mediatizada — (como se não bastasse, há quem queira que possam ser condenados em tribunal sempre que o país não seja capaz de processar com resultados satisfatórios para a debtocracia as políticas que ponham em prática.)
Contudo, é a segunda face que importa neste contexto. A fação de Passos — ou, se quisermos, o PSD-R, geracionalmente renovado, at last — foi incapaz de produzir ministeriáveis suficientes por simples falta de quorum.
A estratégia desta direção parece ser a de incorporar o “sangue novo” a partir de fora. E como os movimentos tradicionais de abertura à sociedade durante a fase pré-eleitoral falharam sem explicação, recrutou independentes à força, fazendo as listas de deputados descaradamente de cima para baixo, esperando eventualmente que alguns dele acabem por assinar a ficha de inscrição e construir o Partido Social Democrata da próxima geração.
Como estratégia, é surpreendente. Talvez resulte: se, miraculosamente (um milagre consentido por Portas), o PSD conseguir boa nota com a governação, alguns dos descamisados políticos — patentes na super-manifestação ordeira de Março — poderão entusiasmar-se e aderir.
Como entrei em regime voluntário de boa vontade, termino por aqui.

Paulo Querido