A trapalhada das “viagens em classe económica” é, afinal, pior do que uma simples berbintice, como eu — inicial e descuidadamente — a julguei. Tornou-se mesmo no primeiro caso do que, temo bem, se vai tornar numa sequência de declarações e contradições que, tendo em conta profusão delas com que Passos Coelho brindou os media ao longo da pré-campanha, muito promete. A este ritmo, fica altamente improvável que Passos consiga usar os habituais 100 dias de boa imprensa.
Para começar, membros do Governo não pagam viagens em voos da TAP. É uma prática normal, instituída e histórica.
As contabilidades separadas justificam conta claras, claro, mas sendo a TAP uma empresa detida a 100% pelo Estado o índice de ridículo da “medida” trepa por aí acima, acompanhando a curva dos juros da dívida pública.
Ou seja, e explicado em Português Simples: para transmitir à populaça distraída o sinal do seu “empenho” e “determinação” em “cortar a direito”, o nóvel Primeiro Ministro declarou que ia mudar menos dinheiro do bolso esquerdo para o bolso direito numa operação que afinal já estava dispensada pelos contabilistas.
Notável.
Paulo Querido
Nenhum comentário:
Postar um comentário